Quinta-feira, 13 de Março de 2008

Dúvidas e Questões

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Psicóloga Clínica - Carolina Rodrigues

Psicóloga Clínica Carolina Rodrigues às 16:20
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De Patrícia a 10 de Julho de 2008 às 06:40
Olá Dra! Bem, tenho um sério problema, não consigo fazer nada adiantado. Vivo correndo para resolver os meus problems tudo em cima da hora. O que é mais curioso, é que fico tomando conta da hora até que esta passe. Não consigo me desligar nem resolver ou fazer o que tem que ser feito antecipadamente. Certa vez li uma matéria sobre isso numa revista, e este problema tem um nome. Sofro muito com a situação, fazendo faculdade então, me vejo louca com os trabalhos, que acabo deixando p cima da hora, ou melhor faço na véspera. E nos dias que antecedem, fico contando os minutos p que passem. Estranho! Preciso da sua ajuda. Desde já muito obrigada


De Psicóloga Clínica Carolina Rodrigues a 14 de Julho de 2008 às 00:39


Olá Patrícia,

Li o seu comentário com muita atenção e compreendo que o seu problema lhe cause desconforto e mal-estar. Contudo, não posso tecer muitas considerações acerca da sua problemática em particular, pois para isso precisaria de conhece-la e avaliar o que se está a passar. Seria precipitado da minha parte fazê-lo e seria unicamente uma análise superficial da realidade que está a vivenciar.
No entanto, posso elucidá-la de uma forma global acerca da sua situação que parece estar inserida naquilo a que chama Procrastinação – hábito de adiar tarefas – .
Por vezes, as pessoas que procastinam, dão prioridade a coisas menos importantes em vez de se direccionarem para aquilo que realmente têm para fazer ou que se constitui como objectivo ou tarefa principal. Mais do que uma questão de gestão de tempo, o acto de procrastinar leva a pessoa a viver numa ilusão de que se adiar as coisas, tudo será solucionado sem que se tenha de confrontar com isso. Esse adiamento pode proporcionar um alívio temporário, dar uma sensação de tranquilidade porque a pessoa acredita que tudo acabará por se resolver.
A pessoa que vai adiando a tarefa até última da hora, fá-lo porque a realidade por vezes é demasiado assustadora e a pessoa receia de que não vai conseguir, que vai falhar, que vai ser criticada. A pessoa adia a tarefa, mas continua a pensar muito nela porque no fundo está preocupada e associa a isso muita ansiedade que se torna bloqueante, ao ponto de só fazê-la quando não pode adiar mais.
Patrícia se analisar e pensar bem na sua situação, e como referiu, isto tende acontecer também diante de trabalhos da faculdade. Possivelmente, estes trabalhos representam para si algo muito ansiogénico e o seu medo, leva-a adiar a realização até ao último momento. É no fundo uma forma de evitar o confronto com algo que é difícil de gerir dentro de si, que lhe traz intranquilidade. Então é como se a mente enviasse uma mensagem distorcida “se adiares mais um pouco, podes relaxar” “podes fazer amanhã, ainda tens tempo”, estas mensagens são erradas, pois o que acontece é que o deixar para última da hora vai levar a pessoa a níveis de stress e ansiedade muito maiores, entrando numa expiral de emoções que se tornam difíceis de controlar.

Por outro lado, este deixar até ultima da hora, pode também estar relacionado com um tipo de pensamento mais obsessivo. Como a pessoa sabe que não consegue deixar de fazer a tarefa até que ela esteja perfeita ou muito bem realizada, a pessoa é levada a adiar e fica até não poder mais. Se assim não fizesse, a pessoa sabia que estaria sempre insegura, questionando e reformulando aquilo que era necessário fazer. Por exemplo perante um exame, o estudante pode ser levado só a estudar na véspera até à hora de entrar para a sala de exame, porque imagina que se estudasse antecipadamente, com intervalo de tempo para descontrair, não iria conseguir, ficaria a ruminar na matéria, com medo de falhar, de não saber tudo, e ficaria muito inseguro. Assim, adia a fonte de ansiedade e guarda até última, como sendo uma forma de lidar melhor com o seu pensamento e actos obsessivos que não consegue parar. Tendo menos tempo para fazer determinada tarefa, também é menos tempo que se envolve nela, porque imagina que se dispusesse de muito tempo, não conseguiria parar porque nunca estaria convencido e seguro de que tivesse tudo como deve ser.

Contudo, a procrastinação no ocorre só em situações dolorosas e difíceis, também pode ocorrer perante situações prazerosas, mas que não deixam de envolver uma carga emocional grande e gerar níveis de ansiedade. Se a pessoa tem oportunidade de adiar uma escolha, uma tarefa, fá-lo porque tem a sensação de estar a garantir o dia de amanhã. É uma forma de se iludir, de tentar tornar-se imortal. Talvez por isso, as pessoas idosas sejam menos dadas a adiar compromissos e tarefas. A experiência e o a terem passado por várias situações de perda, ensinou-lhes a ter mais clareza para identificar o que é prioritário ou não e desenvolvem a ideia de que pode não existir o amanhã.


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